A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) instalada na Câmara Municipal de Juazeiro do Norte sobre os "fura-filas" da vacina pede o afastamento da secretária de Saúde da cidade, Francimones Albuquerque. O relatório final das investigações, aprovado pelos vereadores, aponta que servidores da Prefeitura da cidade, fora dos grupos prioritários e da linha de frente, receberam, antecipadamente, a imunização contra a Covid-19.
A CPI foi instalada em fevereiro deste ano, após denúncias sobre suposta vacinação irregular de funcionários ligados à prefeitura que não faziam parte dos grupos prioritários. As investigações na comissão parlamentar de inquérito duraram 120 dias.
Segundo o relator da CPI, vereador Adauto Araújo (PTB), mais de dez pessoas foram ouvidas, entre servidores da Prefeitura, incluindo a secretária de saúde, e profissionais da área, como médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem.
Concluímos que pessoas de 18, 20 anos, que não estavam na linha de frente, pessoas de férias da secretaria (de Saúde) foram chamadas para tomar a vacina. Pessoas que tomaram a vacina antes do tempo, furando a fila, deixando as pessoas idosas enfermas, por conta dessas pessoas que podiam esperar a sua vez.
Adauto Araújo (PTB), relator da CPI
De acordo com o relatório, o setor de mobilização social da Prefeitura não faz parte da linha de frente da Covid-19 e mesmo assim todos os funcionários foram vacinados, inclusive os que não estavam trabalhando. O documento aponta ainda que servidores de outras áreas como recepcionistas, vigias noturnos, porteiros e auxiliares administrativos foram vacinados antes dos grupos prioritários.
Os membros da CPI citam como exemplo das supostas irregularidades a vacinação do vice-prefeito de Juazeiro, Giovanni Sampaio (PSD), em janeiro deste ano. O caso provocou polêmica na época. O vice-prefeito é médico e defendeu que estava na linha de frente da Covid-19. No entanto, segundo parlamentares, ele atuava em outro município vizinho.
O relatório final apresentado pela CPI foi aprovado, na última terça-feira (15), no plenário da Câmara Municipal por 11 votos a favor e seis contra. A CPI não tem poder de incriminar. O relatório foi encaminhado ao Ministério Público Federal e à Polícia Federal para aprofundar as investigações.
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